Wednesday, December 31, 2008

2009


O tempo, como o Mundo, tem dois hemisférios: um superior e visível, que é o passado, outro inferior e invisível, que é o futuro. No meio de um e outro hemisfério ficam os horizontes do tempo, que são estes instantes do presente que imos vivendo, onde o passado se termina e o futuro começa.
António Vieira, S.J. (1608-1697)

Ninguém pára o Futuro.
Que 2009 comece. E avance. E acabe.
O melhor possível.

Saturday, December 27, 2008

Como "ver" o segundo extra de 2008


Como já referimos aqui, o ano de 2008 vai ter no seu final um "segundo intercalar" ou "leap second" em inglês. Segundo o International Earth Rotation Service (IERS), que é o organismo responsável pela decisão da introdução deste segundo adicional, a passagem do dia 31 de Dezembro de 2008 para o dia 1 de Janeiro de 2009 deverá ocorrer segundo a sequência:
2008 Dezembro 31, 23h 59m 59s
2008 Dezembro 31, 23h 59m 60s
2009 Janeiro 1, 00h 00m 00s

A esmagadora maioria dos relógios digitais não está preparada para mostrar "23h59m60s", passando imediatamente dos 59s para os 00s. Neles, o acerto terá que ser feito manualmente.

Mas há pelo menos um relógio que poderá seguir comodamente, em casa, e que lhe dará a possibilidade de "ver" esse segundo extra, enquanto tocam as doze badaladas e você tenta não se enganar na escolha dos desejos e na deglutição das tradicionais passas.

Falamos do relógio que se encontra no site do Observatório Astronómico de Lisboa, a entidade que em Portugal superintende no Tempo e na Hora Legal.

Assim, se na Passagem do Ano, tiver o computador ligado a http://www.oal.ul.pt/ terá oportunidade de ver o segundo intercalar e começar 2009 no passo certo.

Tuesday, December 23, 2008

Observatório no Anuário Relógios & Canetas




Acaba de chegar às bancas a edição 2009 do Anuário Relógios & Canetas, e o Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa é noticiado.

Thursday, December 18, 2008

Portugal, a China, os Relógios e um que esteve no Arco da Rua Augusta




O antigo relógio do Convento de Jesus (actual Academia das Ciências), que foi parar ao Arco da Rua Augusta, adaptado por Augusto Justiniano de Araújo, já foi restaurado, por Luís Cousinha, e está patente temporariamente numa exposição sobre um jesuíta português na corte de Beijing, que entre outras coisas fez relógios.


(extracto da Nota que fizemos ao Catálogo da exposição sobre Tomás Pereira, S.J., patente no Centro Científico e Cultural de Macau, à Junqueira, em Lisboa)

O relógio patente nesta exposição é um exemplar do século XVIII, possivelmente de fabrico nacional, provavelmente anterior ao Terramoto, proveniente do Convento de Jesus, em Lisboa, e intervencionado no final do século XIX.
Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, o espólio dos vários conventos, incluindo relógios, passa para terceiras mãos, sejam elas o Estado ou os particulares. O Convento de Jesus passou a albergar a Academia das Ciências, local onde ainda hoje a instituição se encontra, e o relógio saiu de lá em 1883. Foi parar ao Arco Triunfal da Rua Augusta, que era finalmente construído, mais de um século após o terramoto de 1755.
O relógio do Convento de Jesus é um exemplar da chamada relojoaria grossa ou férrea e as suas peças estão arrumadas numa gaiola cavilhada, característica da técnica dos séculos XVII e XVIII. Como relata a imprensa da época, o relógio “não estava preparado para indicar as horas para o lado da rua”. Ou seja, era, como muitos exemplares do seu tempo, para “bater” e não para “mostrar” o tempo, não tinha mostrador. Assinalava sonoramente as horas e os quartos através de sinos que estavam a ele ligados. Quem o adaptou para ter mostrador e ponteiros e lhe deu um novo escape (substituindo o de folliot por um de âncora) foi Augusto Justiniano de Araújo, o fundador da Escola de Relojoaria da Casa Pia de Lisboa, ainda hoje a única que se dedica ao ensino da relojoaria em Portugal. O relógio acaba de ser restaurado, numa acção de mecenato que incluiu também a recuperação do relógio que se encontra actualmente no Arco da Rua Augusta e que o foi substituir nos anos 40 do século passado.
Escolhemos este exemplar de relojoaria grossa para ilustrar o tipo de relógios que os padres jesuítas fabricavam no século XVII na China. Foram os portugueses que introduziram a relojoaria mecânica, primeiro na Índia, depois na China, no Vietname, na Coreia e no Japão, quase sempre pela mão pioneira dos Jesuítas. […]
Tomás Pereira (1645-1708), músico de formação, construía os seus próprios órgãos e, aplicando os conhecimentos musicais e mecânicos, construiu mesmo um enorme carrilhão, com relógio, que colocou numa das torres da igreja dos jesuítas, na capital do império. É esse relógio com carrilhão que aparece na célebre gravura incluída na Mursurgia Universalis, de Atanásio Kircher, de 1650. O mecanismo de relojoaria accionava um tambor com espigões, semelhante aos das caixas de música, que por sua vez accionavam arame ligados a sinos, assinalando todas as horas com melodias tradicionais chinesas. […]

Wednesday, December 10, 2008

Segundo intercalar será introduzido no final de 2008


No próximo dia 31 de Dezembro será introduzido um segundo extra (leap second, ou segundo bissexto) ao Tempo Universal Coordenado (UTC). Assim, às 23 horas, 59 minutos e 59 segundos do último dia do ano não se seguirão as zero horas, zero minutos e um segundo do primeiro dia de 2009, havendo um segundo extra colocado no meio. Em Portugal, será o Observatório Astronómico de Lisboa (http://www.oal.ul.pt/) a coordenar o processo, já que ele é a entidade que emite e regula para todo o território nacional a chamada Hora Legal. É de lá que respigamos algumas explicações básicas:
O Tempo Universal Coordenado (UTC) é a escala de tempo de referência e é derivada do Tempo Atómico Internacional (TAI) calculado pelo Bureau International des Poids et Mesures (BIPM) usando uma rede mundial de relógios atómicos. O UTC, que difere do TAI por um número inteiro de segundos, está na base de todas as actividades mundiais. UT1 é a escala de tempo baseada na observação da velocidade de rotação da Terra, que, actualmente, é derivada usando VLBI (Very Large Baseline Interferometry). As variações irregulares progressivamente identificadas na velocidade de rotação da Terra conduziram, em 1972, à substituição do UT1 como escala de tempo de referência. No entanto, era desejável pela comunidade científica internacional, manter a diferença UT1-UTC menor do que 0,9 segundos, para assegurar a concordância entre as escalas de tempo físicas e astronómicas.
Desde a adopção deste sistema em 1972 foi necessário adicionar 23 segundos ao UTC. Este facto deveu-se, em primeiro lugar, à escolha inicial do valor do segundo (1/86400 do dia solar médio do ano de 1820) e, em segundo lugar, à diminuição progressiva da velocidade de rotação da Terra. A decisão de introduzir um segundo intercalar ao Tempo Universal Coordenado é da responsabilidade do International Earth Rotation Service (IERS). De acordo com os acordos internacionais a introdução destes segundos deverá ser efectuada, de preferência no final dos meses de Dezembro ou Junho, ou em caso de necessidade, no final dos meses de Março e Setembro. Desde que o sistema entrou em vigor em 1972, só foram introduzidos segundos intercalares em alguns dos meses de Junho e Dezembro.
O último segundo adicional foi introduzido no dia 1 de Janeiro de 2006 às 0h UTC.
Para saber mais sobre o Leap Second, ver http://tycho.usno.navy.mil/leapsec.html.

Sunday, December 7, 2008

Observatório na Focus




Já saiu o suplemento anual da Focus dedicado à Relojoaria e o Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa vem lá referido.