Bom Ano!
Monday, December 31, 2007
De Stonehenge a... Lisboa


Directamente, não tem a ver com Lisboa. Mas se é um «relógio de sol» - então tem tudo a ver com «relógios históricos» da Humanidade - e, portanto, também os nossos, seus sucessores... A questão é: a foto de Stonehenge é a imagem que sempre tenho nos meus desktops há muitos anos (idêntica à foto de cima)... Alguém me explica se é de facto um «relógio de sol»? Vou à Vikipédia e fico mais baralhado. O monumento megalítico mais belo de todo o mundo não tem um aexplicação plausível... ainda? Expliquem-nos lá!
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Nota
A imagem de baixo correpsonde ao nascer do Sol no solstício de Verão (21 de Junho de 2005, no caso)... dia em que o sol incide exactamente sobre uma determinada pedra do monumento, segundo também já li... Ou seja: «eles» colocaram então as pedras numa determinada disposição para obter um determinado efeito e lhes servir de orientação. «Eles» já saberiam «tanto» há mais de 2 000 anos?!
Saturday, December 29, 2007
Calendários
Carpe diem... et noctem
O dia 14 de Janeiro corresponde ao dia 1 de Janeiro do calendário juliano. O ano 2008da era vulgar, ou de Cristo, é o 8.º do século XXI e corresponde ao ano 6721 do período juliano, contendo os dias 2 454 467 a 2 454 832. O ano 7517 da era bizantina começa no dia 14 de Setembro. O ano 5769 da era israelita começa ao pôr do Sol do dia 29 de Setembro. O ano 4645 da era chinesa (ano do rato) começa no dia 7 de Fevereiro. O ano 2784 das Olimpíadas (ou 4º da 696ª), começa no dia 14 de Setembro, ao uso bizantino. O ano 2761 da Fundação de Roma «ab urbe condita», segundo Varrão, começa no dia 14 de Janeiro. O ano 2757 da era Nabonassar começa no dia 21 de Abril. O ano 2668 da era japonesa, ou 20 do período Heisei (que se seguiu ao período Xô-Uá), começa no dia 1 de Janeiro. O ano 2320 da era grega (ou dos Seleucidas) começa, segundo os usos actuais dos sírios, no dia 14 de Setembro ou no dia 14 de Outubro, conforme as seitas religiosas. O ano 2046 da era de César (ou hispânica), usada em Portugal até 1422, começa no dia 14 de Janeiro. O ano 1930 da era Saka, no calendário indiano reformado, começa no dia 21 de Março. O ano 1725 da era de Diocleciano começa no dia 11 de Setembro. Os anos 1429 e 1430 da era islâmica (ou Hégira) começam ao pôr do Sol dos dias 9 de Janeiro e 28 Dezembro. (dados do Observatório Astronómico de Lisboa)
Seja qual for o Calendário por que se reja, aproveite bem o Tempo, pois como diz o primeiro gramático português, o Padre Fernão de Oliveira, "Todas as coisas têm o seu tempo; e os ociosos o perdem".
O dia 14 de Janeiro corresponde ao dia 1 de Janeiro do calendário juliano. O ano 2008da era vulgar, ou de Cristo, é o 8.º do século XXI e corresponde ao ano 6721 do período juliano, contendo os dias 2 454 467 a 2 454 832. O ano 7517 da era bizantina começa no dia 14 de Setembro. O ano 5769 da era israelita começa ao pôr do Sol do dia 29 de Setembro. O ano 4645 da era chinesa (ano do rato) começa no dia 7 de Fevereiro. O ano 2784 das Olimpíadas (ou 4º da 696ª), começa no dia 14 de Setembro, ao uso bizantino. O ano 2761 da Fundação de Roma «ab urbe condita», segundo Varrão, começa no dia 14 de Janeiro. O ano 2757 da era Nabonassar começa no dia 21 de Abril. O ano 2668 da era japonesa, ou 20 do período Heisei (que se seguiu ao período Xô-Uá), começa no dia 1 de Janeiro. O ano 2320 da era grega (ou dos Seleucidas) começa, segundo os usos actuais dos sírios, no dia 14 de Setembro ou no dia 14 de Outubro, conforme as seitas religiosas. O ano 2046 da era de César (ou hispânica), usada em Portugal até 1422, começa no dia 14 de Janeiro. O ano 1930 da era Saka, no calendário indiano reformado, começa no dia 21 de Março. O ano 1725 da era de Diocleciano começa no dia 11 de Setembro. Os anos 1429 e 1430 da era islâmica (ou Hégira) começam ao pôr do Sol dos dias 9 de Janeiro e 28 Dezembro. (dados do Observatório Astronómico de Lisboa)
Seja qual for o Calendário por que se reja, aproveite bem o Tempo, pois como diz o primeiro gramático português, o Padre Fernão de Oliveira, "Todas as coisas têm o seu tempo; e os ociosos o perdem".
Friday, December 28, 2007
Observatório no Semanário Económico
O Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa vem hoje mencionado num artigo do Casual, o suplemento do Semanário Económico.
Passem por ele no Rossio

Quem teve a possibilidade de a ver por dentro diz que é um dos espaços mais bonitos da estação ferroviária do Rossio: a torre, que justamente alberga o seu relógio, o principal do complexo e que, durante muito tempo - eventualmente ainda hoje -, operou em sincronia com os relógios interiores. De acesso vedado ao público, esta torre poderia muito bem ser aberta a visitas organizadas, pelo menos de carácter sazonal, uma vez concluídas as obras do túnel e reaberta a estação. Agora que um novo ano está prestes a começar, eis um voto para 2008. Projecto do arquitecto José Luiz Monteiro (1848-1942), autor também do vizinho Hotel Avenida Palace, a Estação do Rossio está classificada como Imóvel de Interesse Público. Bom ano!
Sunday, December 23, 2007
Ainda o relógio do S. Carlos
Esta é a máquina do relógio do São Carlos, que há muito está desligada do mostrador. Actualmente, os ponteiros andam por controlo eléctrico de um relógio-mãe de quartzo. Em tempos sugeri que trouxessem a máquina da mansarda onde se encontra, no meio de lixo e décors velhos, para o hall do teatro, contextualizando-a (não tem assim tanto interesse como isso, mas sempre é um exemplar mecânico, do início do séc. XX, presumivelmente francês, e em bom estado). Ou que então a cedessem mediante protocolo à Casa-Museu Fundação Medeiros e Almeida, que tem o melhor espólio relojoeiro nacional mas a que faltam exemplares de relojoaria grossa. Não sei como as coisas ficaram, mas isso foi há 5 anos e ainda não terá dado em nada.
Wednesday, December 19, 2007
O relógio do Teatro de São Carlos

(...)
Por volta dos anos 40 do séc XIX (não sei desde quando nem até quando) era estucada e pintada de verde a pequena porção da parede da frontaria situada entre as janelas, cimalhas, etc.
Enquadrando as portas que dão para o varandim e as respectivas almofadas, sobressam quatro colunas de ordem toscana.
O terceiro piso da fachada forma um certo contraste com os outros dois, pela exiguidade das dimensões e pela relativa pobreza arquitectónica. Os dois elementos dignos de referência são um relógio, que não é da primitiva (no seu lugar existiu antes um medalhão) e, a coroar o edifício, as armas reais, de dimensões e imponência talvez inferiores ao que seria legítimo desejar.
("O TEATRO DE S. CARLOS - Dois Séculos de História", de Mário Moreau, Edição Hugin, 1999
Sunday, December 16, 2007
O DN fala do Observatório
Não encontrei disponível on-line, mas a edição de sábado, 15 de dezembro do Diário de Notícias refere, numa coluna de Eurico de Barros, a existência do blogue.
Saturday, December 15, 2007
Lembra-se deste?


A experiência dos outros (1): Marvin Schneider, "clock master" de Nova Iorque

Why are public clocks important?
For many reasons. Primarily, of course, because people need them. Not everyone wears a watch... certainly more do now than years ago when public clocks were an object of civic pride. How frustrating to see a transit clock not working! We depend on these clocks. Public clocks are also part of the landscape and are indicative of what goes on in the building. What does it say to community not to have your clock working? We don't care? […]. Not all clocks are masterpieces, but even the mundane ones should tell the time.
Marvin Schneider zela pelos relógios públicos de Nova Iorque desde 1992. Antigo trabalhador camarário, de 67 anos, hoje aposentado, apaixonou-se por eles muito antes de imaginar que viria a exercer essas funções: foi nos anos 70, quando um dia os olhou com olhos de ver. O seu é também um belíssimo exemplo de cidadania: foi graças à sua insistência que os relógios da Big Apple voltaram a ter um zelador.
Um testemunho na primeira pessoa aqui, em entrevista à Save America’s Clocks, associação cívica de que faz parte, e reportagem de Junho último do New York Times sobre o seu trabalho, aqui.
For many reasons. Primarily, of course, because people need them. Not everyone wears a watch... certainly more do now than years ago when public clocks were an object of civic pride. How frustrating to see a transit clock not working! We depend on these clocks. Public clocks are also part of the landscape and are indicative of what goes on in the building. What does it say to community not to have your clock working? We don't care? […]. Not all clocks are masterpieces, but even the mundane ones should tell the time.
Marvin Schneider zela pelos relógios públicos de Nova Iorque desde 1992. Antigo trabalhador camarário, de 67 anos, hoje aposentado, apaixonou-se por eles muito antes de imaginar que viria a exercer essas funções: foi nos anos 70, quando um dia os olhou com olhos de ver. O seu é também um belíssimo exemplo de cidadania: foi graças à sua insistência que os relógios da Big Apple voltaram a ter um zelador.
Um testemunho na primeira pessoa aqui, em entrevista à Save America’s Clocks, associação cívica de que faz parte, e reportagem de Junho último do New York Times sobre o seu trabalho, aqui.
Eis uma experiência que Lisboa poderia facilmente aplicar.
Crédito imagem: 3planesoft
Wednesday, December 12, 2007
Ainda a Torre do Galo ou da Patriarcal
O que se passa com a Torre do Galo é uma vergonha, mais a mais estando paredes meias com o antigo IPPAR, hoje IGESPAR. Um incêndio que terá sofrido no final do séc. XX fez com que as suas estruturas interiores, em madeira, estejam em risco iminente de ruir. No seu interior, lá em cima, e em que estado... poderá estar um dos mais interessantes exemplares da relojoaria grossa nacional. Mas vamos um pouco atrás...
D. João V alçou a capela real, ao Paço da Ribeira, à categoria de Patriarcal, e adjacente a ela ficou uma célebre Torre do Relógio, da autoria do arquitecto italiano Canevari. Mas ela só durou umas escassas décadas, já que o terramoto de 1755 destruiu o Paço e tudo à volta, e essa é outra história. Com a construção da Real Barraca, à Ajuda, fez-se nova Patriarcal, de que a Torre do Relógio ou do Galo (por ter um catavento em forma de galo) fazia parte. A comunidade da Ajuda regeu-se durante mais de um século por este marcador público do Tempo e, por exemplo, o regulamento da Biblioteca vizinha refere, no horário, que a entrada dos funcionários e o encerramento dos serviços se devia fazer obedecendo diariamente ao que os sinos da torre e o seu relógio ditassem.
Penso, mas não tenho a certeza, que ainda lá se encontrará uma máquina construída por José da Silva Mafra, cuja entrada cito de "Relógios e Relojoeiros - Quem É Quem no Tempo em Portugal" (Âncora, 2006):
MAFRA, José da Silva
Relojoeiro do convento de Mafra, “artista habilíssimo”, nascido a 1790, foi o autor do mais notável relógio Português que foi colocado na extinta Patriarcal de Lisboa, começando a trabalhar no dia 8 de Setembro de 1796. A obra durou mais de cinco anos a fazer e custou mais de 100.000 cruzados. O construtor ficou seu cuidador, seguido dum seu filho que ficou a exercer o cargo a partir de 24 de Dezembro de 1814, até à extinção da Patriarcal. José Mafra, em 1843, inventou um mecanismo, “por meio do qual se reduziu a um só o emprego diário de dois homens, que eram absolutamente indispensáveis para dar corda ao dito relógio”. Fez uma fábrica de peças licenciada por alvará de 21 de Junho de 1785. Entre os manuscritos da Biblioteca da Ajuda, em Lisboa, encontra-se um Rol de Confessados de 1812, do Sítio da Ajuda, onde se faz referência ao “relojoeiro da Patriarcal, José da Silva, natural de Mafra”, o que mostra que o seu apelido de família era Silva, mas que, a partir dele, o local de nascimento, Mafra, passou a ser apelido, o que era normal na época.
Uma intervenção geral na Ajuda é há muito reclamada, para ordenamento do anárquico espaço público de um sítio de localização geográfica de eleição e tão carregado de história. A recuperação da Torre do Galo, com o restauro da máquina de Silva Mafra e sua museologização e contextualização in situ seria apenas uma gota de água, mas podia começar-se por ela...
D. João V alçou a capela real, ao Paço da Ribeira, à categoria de Patriarcal, e adjacente a ela ficou uma célebre Torre do Relógio, da autoria do arquitecto italiano Canevari. Mas ela só durou umas escassas décadas, já que o terramoto de 1755 destruiu o Paço e tudo à volta, e essa é outra história. Com a construção da Real Barraca, à Ajuda, fez-se nova Patriarcal, de que a Torre do Relógio ou do Galo (por ter um catavento em forma de galo) fazia parte. A comunidade da Ajuda regeu-se durante mais de um século por este marcador público do Tempo e, por exemplo, o regulamento da Biblioteca vizinha refere, no horário, que a entrada dos funcionários e o encerramento dos serviços se devia fazer obedecendo diariamente ao que os sinos da torre e o seu relógio ditassem.
Penso, mas não tenho a certeza, que ainda lá se encontrará uma máquina construída por José da Silva Mafra, cuja entrada cito de "Relógios e Relojoeiros - Quem É Quem no Tempo em Portugal" (Âncora, 2006):
MAFRA, José da Silva
Relojoeiro do convento de Mafra, “artista habilíssimo”, nascido a 1790, foi o autor do mais notável relógio Português que foi colocado na extinta Patriarcal de Lisboa, começando a trabalhar no dia 8 de Setembro de 1796. A obra durou mais de cinco anos a fazer e custou mais de 100.000 cruzados. O construtor ficou seu cuidador, seguido dum seu filho que ficou a exercer o cargo a partir de 24 de Dezembro de 1814, até à extinção da Patriarcal. José Mafra, em 1843, inventou um mecanismo, “por meio do qual se reduziu a um só o emprego diário de dois homens, que eram absolutamente indispensáveis para dar corda ao dito relógio”. Fez uma fábrica de peças licenciada por alvará de 21 de Junho de 1785. Entre os manuscritos da Biblioteca da Ajuda, em Lisboa, encontra-se um Rol de Confessados de 1812, do Sítio da Ajuda, onde se faz referência ao “relojoeiro da Patriarcal, José da Silva, natural de Mafra”, o que mostra que o seu apelido de família era Silva, mas que, a partir dele, o local de nascimento, Mafra, passou a ser apelido, o que era normal na época.
Uma intervenção geral na Ajuda é há muito reclamada, para ordenamento do anárquico espaço público de um sítio de localização geográfica de eleição e tão carregado de história. A recuperação da Torre do Galo, com o restauro da máquina de Silva Mafra e sua museologização e contextualização in situ seria apenas uma gota de água, mas podia começar-se por ela...
O relógio da torre do mercado

“Fabricado em França, na empresa Horloges Bodet, era considerado um relógio revolucionário para a época. Mas a [sua] importância não impediu que a máquina estivesse parada quase 20 anos. Só em 1998 a Câmara Municipal de Lisboa decidiu contratar um dos mais prestigiados relojoeiros portugueses. António Franco foi chamado para inspeccionar o relógio da torre. Em menos de um ano, o sistema mecânico foi restaurado e o mostrador teve de ser feito de novo. Um mostrador que guarda a assinatura do homem que permitiu que os cacilheiros voltassem a guiar-se pelo relógio da torre do mercado”.
O mercado é o Mercado da Ribeira, um dos mais belos edifícios da cidade no seu género e função, e o texto, extraído do livrinho que lhe é dedicado na colecção Lisboa Porta a Porta. Desde então passaram quase dez anos. Na segunda-feira, dia em que a fotografia acima foi tirada, o relógio estava atrasado – ou adiantado – várias horas, mas hoje – e não era ilusão de óptica – estava a funcionar apenas com um ligeiro atrasado de minutos. Se isso significar que houve intervenção de manutenção, será de aplaudir. Se foi apenas uma coincidência e há problemas de funcionamento, então está na hora de o reparar de novo: a estima pela cidade mede-se também por esses gestos - ter os seus relógios em boas condições de conservação e dando a hora certa. O Mercado da Ribeira, nunca será de mais lembrá-lo, figura entre os últimos testemunhos da acção e da visão de Frederico Ressano Garcia (1847-1911), um dos melhores técnicos que a Câmara de Lisboa alguma vez teve, e cuja cidade se esfuma hoje diante dos nossos olhos para lucro de alguns e prejuízo de todos os outros.
O mercado é o Mercado da Ribeira, um dos mais belos edifícios da cidade no seu género e função, e o texto, extraído do livrinho que lhe é dedicado na colecção Lisboa Porta a Porta. Desde então passaram quase dez anos. Na segunda-feira, dia em que a fotografia acima foi tirada, o relógio estava atrasado – ou adiantado – várias horas, mas hoje – e não era ilusão de óptica – estava a funcionar apenas com um ligeiro atrasado de minutos. Se isso significar que houve intervenção de manutenção, será de aplaudir. Se foi apenas uma coincidência e há problemas de funcionamento, então está na hora de o reparar de novo: a estima pela cidade mede-se também por esses gestos - ter os seus relógios em boas condições de conservação e dando a hora certa. O Mercado da Ribeira, nunca será de mais lembrá-lo, figura entre os últimos testemunhos da acção e da visão de Frederico Ressano Garcia (1847-1911), um dos melhores técnicos que a Câmara de Lisboa alguma vez teve, e cuja cidade se esfuma hoje diante dos nossos olhos para lucro de alguns e prejuízo de todos os outros.
O relógio da Torre do Galo

A Torre do Relógio fica na Ajuda, junto ao Palácio, e foi construida ao lado da capela real da Real Barraca (feita em madeira e que ardeu em 1794), segundo «desenho do arquitecto Manuel Caetano de Sousa, procedendo-se à cerimónia de sagração dos sinos em 1793» (in IPPAR)

A Torre do Galo encontra-se, como toda a zona envolvente ao Palácio da Ajuda, ao abandono e em mau estado de conservação. Ali ao lado já alertámos para a necessidade de recuperação de toda a envolvente e do Palácio, também, mas o que tem saído para a opinião pública são planos de pormenor que parecem estar mais preocupados com o derrube de árvores (Alameda dos Pinheiros), com a construção de vias rápidas e de urbanizações do que propriamente com a recuperação da ... Torre do Galo.
Foto: Osvaldo Gago
Monday, December 10, 2007
Saudoso café, saudoso relógio!
O relógio da torre da Sé
Thursday, December 6, 2007
Adenda ao relógio de sol do Bugio

Boas notícias: em Agosto de 2006, o relógio de sol do Bugio ainda estava intacto. Poderão vê-lo, ou revê-lo, em Álbum Fotos, reportagem fotográfica de um cibernauta que então visitou o forte. A imagem correspondente ao relógio está na última fila do slideshow.
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E já que temos vindo a falar de relógios deste tipo, uma curiosidade: os entusiastas já o sabem certamente de cor, mas há um dia no ano que lhes é dedicado: 21 de Junho é o Dia do Relógio de Sol e foi instituído em 1990 pelo Instituto de Investigação, Estudo e Divulgação do Quadrante Solar, fundado no ano anterior com a missão de “estudar e divulgar a gnomónica e o relógio de sol/sombra como instrumento de interesse histórico, científico, didáctico, lúdico e decorativo”.
Crédito imagem: Impression, Soleil Levant, óleo s/tela de Claude Monet, 1873; Musée Marmottan-Monet, Paris
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E já que temos vindo a falar de relógios deste tipo, uma curiosidade: os entusiastas já o sabem certamente de cor, mas há um dia no ano que lhes é dedicado: 21 de Junho é o Dia do Relógio de Sol e foi instituído em 1990 pelo Instituto de Investigação, Estudo e Divulgação do Quadrante Solar, fundado no ano anterior com a missão de “estudar e divulgar a gnomónica e o relógio de sol/sombra como instrumento de interesse histórico, científico, didáctico, lúdico e decorativo”.
Crédito imagem: Impression, Soleil Levant, óleo s/tela de Claude Monet, 1873; Musée Marmottan-Monet, Paris
O relógio de sol que Khadafi poderá apreciar
No Forte de São Julião da Barra, no magnífico terraço sobranceiro ao mar, o Presidente líbio poderá apreciar durante o seu acampamento por Portugal uma peça em excelente estado de conservação, apesar de estar há meio século ali. Trata-se de um relógio de sol, da autoria do General Henrique Pereira do Vale e que, além de um quadrante afinado para Lisboa, com respectivo gnómon, tem ainda quadrantes afinados para se poder ler a hora solar verdadeira na Ilha das Flores, nos Açores; em Luanda; Lourenço Marques (Maputo); Goa; Macau e Timor. O quadrante respeitante a Lisboa tem ainda um segundo gnómon, que indica a evolução anual do Zodíaco. A circundar a peça, a frase de Camões “Cujo alto império o sol em nascendo vê primeiro” (Lusíadas, Canto I). Pereira do Vale (1889-1974), engenheiro de formação, esteve na batalha de La Lys, na I Guerra Mundial, foi director do Colégio Militar e, ao longo da sua carreira de militar, investigou paralelamente dois temas – a artilharia histórica dos exércitos portugueses (de que foi e ainda é uma autoridade) e a gnomómica. Neste último caso, projectou e construiu dezenas de relógios de sol, nomeadamente para Afonso Lopes Vieira, de quem foi amigo. Se Khadafi vir a peça, e lhe traduzirem o significado, esperemos que não fique demasiado chocado com o seu tom “imperialista” e “colonialista”.
Um pedaço de um relógio de sol dos mais antigos do País está no Museu do Teatro Romano, em Lisboa, entre a Sé e o Castelo

Há um pedaço de um relógio de sol que pode datar do século VI da nossa era. Está no Museu do Teatro Romano (acima da Sé). O Museu,, leio na Wikipédia, «ocupa a vertente sul da colina do Castelo de S. Jorge, junto ao Pátio do Aljube, 5 (à Rua Augusto Rosa)». Lá dentro, um pedaço de um relógio de sol. A ser assim, julgo que será o mas antigo da Cidade, e dos mais antigos do País. Onde há muitos. Muitos: há quem afirme ter «inventariado no país cerca de três mil relógios de sol, os mais antigos remontando ao período romano. Um desses relógios de sol encontra-se no Teatro Romano de Lisboa, mas só pode ser visto com autorização da Câmara Municipal, uma vez que o teatro está fechado». Li aqui.
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No site da CML, referência ao Museu (não ao relógio, diga-se). Aqui. Fotos mais expressivas sobre o museu, aqui.
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No site da CML, referência ao Museu (não ao relógio, diga-se). Aqui. Fotos mais expressivas sobre o museu, aqui.
Tuesday, December 4, 2007
Também há um nos Capuchos!

Um relógio na barra do Tejo


Fica num dos mais belos lugares da Grande Lisboa, um ponto na paisagem que todos conhecemos quando olhamos a barra do Tejo. Não é fácil vê-lo assinalar a passagem do tempo, mas poderia ser fácil fazê-lo se, ao lugar onde se encontra – uma das maiores jóias da nossa arquitectura militar -, fosse atribuído um uso público.
Instalado na bateria alta do Forte do Bugio, é um relógio de sol raro pela sua excepcional localização e, porventura, o mais solitário de todos eles, dado que a automatização do farol dispensou há muito a existência de faroleiros residentes.
O futuro desse relógio de sol é hoje tão incerto quanto o do lugar onde foi implantado: com o desmantelamento da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), entidade que cuidou da conservação do Bugio durante décadas, não se vislumbra quem dará, na prática, continuidade a essas intervenções; por outro lado, e embora ciclicamente disputado por três concelhos – Lisboa, Oeiras e Almada -, a verdade é que ele continua hoje sem uso para além daquele que mantém sob a supervisão da Direcção-Geral de Faróis. É pena que assim seja e que não possamos ver a lição que o seu pequeno relógio de sol tem para nos dar - que é tempo de darmos valor a tudo aquilo para o qual deixámos de ter tempo: o nascer e o pôr-do-Sol, para começar.
Créditos imagem: vista aérea e vista geral do Bugio quando da intervenção de protecção e reconstrução da sua muralha periférica, em 1999/2000; Inventário do Património Arquitectónico da extinta-DGEMN
Instalado na bateria alta do Forte do Bugio, é um relógio de sol raro pela sua excepcional localização e, porventura, o mais solitário de todos eles, dado que a automatização do farol dispensou há muito a existência de faroleiros residentes.
O futuro desse relógio de sol é hoje tão incerto quanto o do lugar onde foi implantado: com o desmantelamento da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), entidade que cuidou da conservação do Bugio durante décadas, não se vislumbra quem dará, na prática, continuidade a essas intervenções; por outro lado, e embora ciclicamente disputado por três concelhos – Lisboa, Oeiras e Almada -, a verdade é que ele continua hoje sem uso para além daquele que mantém sob a supervisão da Direcção-Geral de Faróis. É pena que assim seja e que não possamos ver a lição que o seu pequeno relógio de sol tem para nos dar - que é tempo de darmos valor a tudo aquilo para o qual deixámos de ter tempo: o nascer e o pôr-do-Sol, para começar.
Créditos imagem: vista aérea e vista geral do Bugio quando da intervenção de protecção e reconstrução da sua muralha periférica, em 1999/2000; Inventário do Património Arquitectónico da extinta-DGEMN
Relógio de Sol de Belém
Cá volto a Belém e à pobre da âncora ...

Retomo o que escrevi há meses, ali ao lado, ou seja:
Eis o que resta de um relógio de sol, do tempo da Grande Exposição do Mundo Português. Era composto por canteiros dispostos em mapa mundi, representando minuciosamente os quatro cantos das ex-possessões portuguesas. O jardineiro dedicado à sua preservação reformou-se há um bom par de anos. Desde então é o que se vê.
Pergunto se não haverá pela CML, de entre todos aqueles técnicos e funcionários desmotivados, um bom de um jardineiro que diga "presente" e se ofereça como voluntário para cuidar daquilo ... antes que aumente o número dos que pensam tratar-se a âncora de uma peça de arte, ou de algum navio encalhado, do tempo das Descobertas??!!
Monday, December 3, 2007
O relógio da Hora Legal em 1943
O regime diferenciado de Hora de Verão e Hora de Inverno tem como objectivo aproveitar ao máximo, para as actividades sociais da maioria da população, as horas de sol disponíveis ao longo do ano. A Alemanha terá sido o primeiro país a adoptar o sistema de Horário de Verão e de Inverno logo no início da I Guerra Mundial, em 1914. A Inglaterra e Portugal adoptaram esse regime em 1916, que tem sofrido até hoje várias alterações, como se pode ver em www.oal.ul.pt.
Em 1943, em plena II Guerra Mundial, Os Ridículos dedicavam a sua primeira página de 13 de Março à mudança da hora, ilustrando-a com um desenho do relógio da Hora Legal, ao Cais do Sodré. Nesses anos, por motivos de segurança (possibilidade de bombardeamento aéreo por parte dos alemães, mesmo sendo o país oficialmente neutral), e de escassez de energia, a iluminação pública era restringida ao mínimo e as horas solares eram aproveitadas ainda de forma mais "esquisita".
O regime de Hora Legal em Portugal em 1943 (como no ano anterior e nos dois que se seguiriam) era o seguinte:
Hora do meridiano de Greenwich, tendo sido adiantada de 60 minutos nos períodos compreendidos entre as 23 horas do dia 13 de Março e as 23 horas do dia 17 de Abril e, entre as 24 horas do dia 28 de Agosto e as 24 horas do dia 30 de Outubro; e adiantada de 2 horas desde as 23 horas do dia 17 de Abril até às 24 horas do dia 28 de Agosto.
Sunday, December 2, 2007
No PDM de Lisboa, o relógio da hora legal do Cais do Sodré é a peça nº 49.52

Uma nota que pode ser interessante. No anexo I ao Regulamento do Plano Director Municipal, lá está ele: o Relógio da Hora Legal do Cais do Sodré é listado como a peça nº 49.52 - ou seja: fica na Freguesia de S. Paulo (freguesia que no PDM / Regulamento, anexo I, é identificada com o nº 49). E na lista de património identificado desta freguesia ocupa o nº 52. A referência é a seguinte: «ANEXO N.° 1 (do Regulamento do Plano Director Municipal) / Inventário municipal do património / Lista dos imóveis e conjuntos edificados (artigo 13.°)».
E o que diz esse artigo 13º? Que este anexo «assinala os imóveis e conjuntos edificados com interesse histórico, arquitectónico e/ou ambiental, assim como as áreas de potencial valor arqueológico» e que «os imóveis e conjuntos edificados com interesse histórico, arquitectónico e/ou ambiental são os que constam do Anexo 1.»
Saturday, December 1, 2007
O Cais do Sodré antes do Relógio da Hora Legal
Uma das centralidades do tempo público alfacinha, mesmo antes de lá ter sido colocado o Relógio da Hora Legal estava situada no largo dos Remolares, hoje Cais do Sodré. Além da pesca e dos apetrechos a ela ligados, a zona começava a estar povoada de agentes transitários, para quem a hora certa era um instrumento diário de trabalho.
Antes do relógio mecânico, esteve lá um relógio de sol, horizontal. Alguém saberá do seu paradeiro?
Diz-nos Júlio de Castilho em “A Ribeira de Lisboa, Descrição Histórica da Margem do Tejo, desde a Madre de Deus até Santos-o-Velho”: “Em 1860 havia no centro da praça uma escadaria circular de poucos degraus, e de 2 metros de diâmetro, tendo ao centro, sobre um pedestal, uma meridiana ou relógio de sol. Essa meridiana (como tantas coisas inofensivas e úteis!) tornou-se alvo dos epigramas, mais ou menos agudos, do Lisboeta. Há uns certos sujeitos inúteis, que só sabem rir, rir de quem trabalha, epigramar a quem serve. A meridiana era proveitosa; fazia o seu serviço, e cumpria-o bem; andava às ordens do sol, e obedecia-lhe pontualíssima, em benefício dos próprios ociosos que a desprezavam. Pois era moda dizer mal dela”.
E Júlio de Castilho, sem dar pormenores sobre quando a meridiana terá sido construída ou sobre quem a terá feito, conta várias histórias do quotidiano alfacinha que girava à volta da Meridiana dos Remolares. Uma delas diz respeito a “um pobre saloio, para quem um instrumento assim se figurava novidade inaudita, ouvindo dizer que era relógio se lhe aproximara e, desconfiado de que o pretendiam enganar, aplicara o ouvido, e tornara a aplicá-lo, concluindo (depois de maduro exame) que seria talvez relógio, mas estava parado”.
“Outro beócio chegando ali às Ave-Marias, quando já não havia sol, esperou pacientemente que se acendessem os candeeiros de gás da iluminação municipal, e foi depois consultar a meridiana... que lhe disse não sei bem o quê”, acrescente o conhecido olissipógrafo.
“A meridiana foi enfim substituída (e com vantagem) pelo monumento do Duque da Terceira, cuja primeira pedra se assentou em 24 de Julho de 1875”, conclui Castilho.
No Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa há uma imagem da Meridiana dos Remolares, numa ilustração ligeiramente diferente da que é incluída em “A Ribeira de Lisboa”. O mesmo arquivo tem depois imagens da praça a sofrer as terraplanagens para receber a estátua e para o assentamento de carris do “americano”, o antecessor do eléctrico, que tanto basbaque iria provocar na capital.
Pelas ilustrações se pode deduzir que o relógio de sol dos Remolares era constituído por uma coluna de pedra, no cimo da qual se colocara uma escala e um gnómon, cuja sombra indicava no mostrador a hora solar. Para onde terá ido, depois de destronada pela estátua equestre? Ninguém sabe. Para entulho, possivelmente.
Antes do relógio mecânico, esteve lá um relógio de sol, horizontal. Alguém saberá do seu paradeiro?
Diz-nos Júlio de Castilho em “A Ribeira de Lisboa, Descrição Histórica da Margem do Tejo, desde a Madre de Deus até Santos-o-Velho”: “Em 1860 havia no centro da praça uma escadaria circular de poucos degraus, e de 2 metros de diâmetro, tendo ao centro, sobre um pedestal, uma meridiana ou relógio de sol. Essa meridiana (como tantas coisas inofensivas e úteis!) tornou-se alvo dos epigramas, mais ou menos agudos, do Lisboeta. Há uns certos sujeitos inúteis, que só sabem rir, rir de quem trabalha, epigramar a quem serve. A meridiana era proveitosa; fazia o seu serviço, e cumpria-o bem; andava às ordens do sol, e obedecia-lhe pontualíssima, em benefício dos próprios ociosos que a desprezavam. Pois era moda dizer mal dela”.
E Júlio de Castilho, sem dar pormenores sobre quando a meridiana terá sido construída ou sobre quem a terá feito, conta várias histórias do quotidiano alfacinha que girava à volta da Meridiana dos Remolares. Uma delas diz respeito a “um pobre saloio, para quem um instrumento assim se figurava novidade inaudita, ouvindo dizer que era relógio se lhe aproximara e, desconfiado de que o pretendiam enganar, aplicara o ouvido, e tornara a aplicá-lo, concluindo (depois de maduro exame) que seria talvez relógio, mas estava parado”.
“Outro beócio chegando ali às Ave-Marias, quando já não havia sol, esperou pacientemente que se acendessem os candeeiros de gás da iluminação municipal, e foi depois consultar a meridiana... que lhe disse não sei bem o quê”, acrescente o conhecido olissipógrafo.
“A meridiana foi enfim substituída (e com vantagem) pelo monumento do Duque da Terceira, cuja primeira pedra se assentou em 24 de Julho de 1875”, conclui Castilho.
No Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa há uma imagem da Meridiana dos Remolares, numa ilustração ligeiramente diferente da que é incluída em “A Ribeira de Lisboa”. O mesmo arquivo tem depois imagens da praça a sofrer as terraplanagens para receber a estátua e para o assentamento de carris do “americano”, o antecessor do eléctrico, que tanto basbaque iria provocar na capital.
Pelas ilustrações se pode deduzir que o relógio de sol dos Remolares era constituído por uma coluna de pedra, no cimo da qual se colocara uma escala e um gnómon, cuja sombra indicava no mostrador a hora solar. Para onde terá ido, depois de destronada pela estátua equestre? Ninguém sabe. Para entulho, possivelmente.
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