Tuesday, December 4, 2007

Um relógio na barra do Tejo



Fica num dos mais belos lugares da Grande Lisboa, um ponto na paisagem que todos conhecemos quando olhamos a barra do Tejo. Não é fácil vê-lo assinalar a passagem do tempo, mas poderia ser fácil fazê-lo se, ao lugar onde se encontra – uma das maiores jóias da nossa arquitectura militar -, fosse atribuído um uso público.

Instalado na bateria alta do Forte do Bugio, é um relógio de sol raro pela sua excepcional localização e, porventura, o mais solitário de todos eles, dado que a automatização do farol dispensou há muito a existência de faroleiros residentes.

O futuro desse relógio de sol é hoje tão incerto quanto o do lugar onde foi implantado: com o desmantelamento da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), entidade que cuidou da conservação do Bugio durante décadas, não se vislumbra quem dará, na prática, continuidade a essas intervenções; por outro lado, e embora ciclicamente disputado por três concelhos – Lisboa, Oeiras e Almada -, a verdade é que ele continua hoje sem uso para além daquele que mantém sob a supervisão da Direcção-Geral de Faróis. É pena que assim seja e que não possamos ver a lição que o seu pequeno relógio de sol tem para nos dar - que é tempo de darmos valor a tudo aquilo para o qual deixámos de ter tempo: o nascer e o pôr-do-Sol, para começar.


Créditos imagem: vista aérea e vista geral do Bugio quando da intervenção de protecção e reconstrução da sua muralha periférica, em 1999/2000; Inventário do Património Arquitectónico da extinta-DGEMN

5 comments:

Fernando Correia de Oliveira said...

o relógio é vertical ou horizontal? e ainda tem gnómon?

Maria Amorim Morais said...

Caro Fernando Correia de Oliveira,

É horizontal e da última vez que o vi ainda tinha gnómon, sim. Isto foi em 1999, ou talvez já em 2000 (já não tenho bem presente o ano), quando as obras no Bugio estavam a decorrer.

Fernando Correia de Oliveira said...

Cara Maria Amorim Morais

obrigado pela informação, vou tentar junto da Direcção de Faróis da Marinha ir lá ver como está a peça e fotografá-la

Maria Amorim Morais said...

Caro Fernando Correia de Oliveira,

Entretanto procurei na Net e surgiu uma imagem relativamente recente dele (Agosto do ano passado). Em novo post/adenda deixarei o link para que possamos vê-lo.

Célia Mesquitq Rocha said...

Visitei esta ano em Agosto 2017 e ainda tinha gnómon . Fernando Correia de Oliveira se estiver interessado posso enviar as fotos. (Somos amigos no fb)